sábado, 19 de agosto de 2017

Em noite de festa, governador premia Mestres e Mestras da Cultura Popular e Tradicional


Quem construiu a identidade cultural do Maranhão, fez e faz História e repassa os saberes populares mais genuínos foram, finalmente, eternizados na memoria oficial do estado. Na noite da última quinta-feira (17), no Convento das Mercês, o governador Flávio Dino realizou a cerimônia de premiação de Mestres e Mestras da Cultura Popular e Tradicional. Uma noite emocionante, cheia de ritmos e memórias, de reconhecimento a alguns dos destaques da cultura e da arte maranhenses.
A ideia da premiação, para além da entrega do diploma de reconhecimento e do valor repassado, é preservar e valorizar a história e a arte produzida no Maranhão. Para o governador Flávio Dino, a iniciativa reverencia quem realmente precisa ser lembrado pela História, condecora quem por anos esteve na invisibilidade, sem o reconhecimento que realmente merece.

“São líderes e heróis da luta e cultura do povo, que não tinham o reconhecimento devido de acordo com a lei, que garantisse que a narrativa oficial incorporasse esses saberes que foram delineados ao longo de séculos. E, por isso mesmo, nós estamos felizes de assegurar que, com essa premiação que receberão, eles terão o reconhecimento e estímulo necessário para aquilo que nós precisamos e desejamos, que é a garantia de que essa identidade, que eles representam, não se perderá. A História não pode ser apenas a história dos vencedores e poderosos, tem que ser a historia de todos”, destacou o governador, que ainda anunciou, diante do sucesso da noite, que o Prêmio, que antes seria feito de dois em dois anos, será realizado anualmente.
O ineditismo da iniciativa marca uma preocupação da gestão em reconhecer o valor e a contribuição que os homenageados deram e continuam dando para o Maranhão, como destaca o secretário de Estado de Cultura, Diego Galdino: “É um momento único no Maranhão. Pela primeira vez uma gestão do Governo do Estado do Maranhão reconhece nossos verdadeiros mestres, esses que representam a cultura, o patrimônio imaterial, e que, hoje, estão sendo eternizados, sendo colocados como membros do patrimônio do Maranhão. Não é uma politica pública de Governo, é de Estado, vai perpetuar toda uma trajetória”.
O prêmio foi concedido através da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema). É a identificação de que o saber popular também é ciência. “A importância dessa premiação está ligada a manutenção da Cultura maranhense, nós precisamos reconhecer cada vez mais que existe uma forte produção cultural neste estado, de longa data, que marca a nossa identidade e que ultrapassa todas as fronteiras do estado, porque são nossos mestres que levam nossa cultural para fora do Maranhão”, pontuou o presidente da Fapema, Alex Oliveira.
Premiados

Os protagonistas da noite fizeram da solenidade uma verdadeira festa, com batuques e cantorias, discursos emocionados e grandes lembranças. Seu Waldete Moraes Corrêa, o Cabeça Branca, por exemplo, foi premiado na categoria Bloco Tradicional. E foi receber a diplomação conduzindo o ritmo e cadencia do Bloco Os Foliões, do qual foi um dos fundadores. Aos 74 anos, a animação do mestre Cabeça Branca revela a razão da homenagem. “Receber essa comenda é muito gratificante, estou muito alegre e satisfeito. Esse prêmio que eu recebo hoje quero dividir também com um irmão meu que já se foi e que foi, junto comigo, um dos fundadores do Bloco Tradicional Os Foliões”, contou, emocionado, o líder do Bloco.
A cantora Maria do Socorro Silva, a Patativa, também foi premiada na categoria música popular. A irreverência e alegria de Patativa fazem dela uma personagem do samba e da cultura maranhense. Ela deu uma palhinha, mas o refrão ficou por conta da plateia, que cantou junto, mostrando o sucesso que é Patativa. “Você não imagina o quanto eu estou feliz, é tão bom receber uma homenagem enquanto você está presente e pode ver, olhar e gostar. É muito maravilhosa essa noite. A pessoa só vence na vida quando faz para si e para o outros”, relatou a cantora e compositora.
Durante a noite, o grupo Mandingueiros do Amanhã saudaram a memória dos mestres de capoeira Antônio José da Conceição Ramos, o Mestre Patinho, e do mestre Alberto Euzamor. A família dos capoeiristas receberam a homenagem.
O prêmio foi divido em dez categorias: Bumba meu Boi, Tambor de Crioula, Capoeira, Festas Religiosas Tradicionais, Danças Populares, Blocos Tradicionais, Artesanato Tradicional, Música Popular Maranhense, Culinária Tradicional e Griôs/Povos Tradicionais de Terreiro. Os dez candidatos vencedores receberam diploma de reconhecimento e premiação no valor de R$ 20 mil.
Puderam se inscrever no edital candidatos de grande experiência e conhecimento dos saberes e fazeres populares, dedicados às expressões culturais populares maranhenses, com reconhecimento da comunidade onde vivem e atuam, com longa permanência na atividade e capacidade de transmissão dos conhecimentos artísticos e culturais.
Entre os ganhadores estiveram mestres e mestras dos municípios de São Luís, Icatu, Amarante do Maranhão, Axixá, Alcântara, Bacabal e Caxias.
Premiados e categorias
Antônio Ribeiro (Seu Tonico) – Bumba-meu-boi
José Tomás dos Santos ( Zequinha de Militão) – Tambor de Crioula
Antônio José da Conceição Ramos (Mestre Patinho)  – Capoeira
Vicente Ramu’i Guajajara – Festas Religiosas Tradicionais – Festa do Mel
José Carlos Leite – Danças Populares Maranhenses
Waldete Moraes Corrêa (Cabeça Branca) – Bloco Tradicional
Neide de Jesus – Artesanato Tradicional Maranhense
Maria do Socorro Silva (Patativa) – Música Popular Maranhense
Maria de Nazareth do Nascimento Souza (Mestra Nazinha) – Culinária Tradicional Maranhense
Maria Madalena Carvalho (Mãe Madalena) – Griôs de Comunidades Tradicionais de Matriz Africana – Povos de Terreiro

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