segunda-feira, 31 de julho de 2017

Sakamoto: legado de Temer será um não-país

"O silêncio na rua, quebrado aqui e ali por manifestações ligadas a movimentos e sindicatos, não significa que a insatisfação não esteja no ar. Mas que há uma sensação de desalento generalizado", diz o colunista Leonardo Sakamoto; "Ou seja, talvez o tempo da indignação já tenha passado para muita gente. E, por não ter produzido frutos, abriu caminho para a desconstrução daquilo que três décadas de democracia ergueram por aqui. É triste, mas talvez o principal legado do governo Temer será um não-país". 
247 – O jornalista Leonardo Sakamoto afirma que Michel Temer não deveria se iludir com a apatia popular em relação a seu governo, aprovado por apenas 5% dos brasileiros.
"O governo Temer comemora que as ruas não estejam coalhadas de gente pedindo sua cabeça, tal qual ocorreu com Dilma Rousseff. De forma cínica, seus apoiadores afirmam que isso é uma prova de que a população entende que ele tem agido corretamente para tirar o país da crise e confia em sua honestidade", diz ele, em artigo publicado neste fim de semana.  "O silêncio na rua, quebrado aqui e ali por manifestações ligadas a movimentos e sindicatos, não significa que a insatisfação não esteja no ar. Mas que há uma sensação de desalento generalizado."
"Deixar de confiar na política como arena para a solução dos problemas cotidianos é equivalente a abandonar o diálogo visando à construção coletiva. Caídas em descrença, instituições levam décadas para se reerguer – quando conseguem. No meio desse vácuo, vai surgindo a oportunidade para semoventes que se consideram acima das leis se apresentarem como a saída para os nossos problemas. Pessoas que prometem ser uma luz na escuridão, mas nos guiarão direto às trevas", diz ainda Sakamoto. "É triste, mas talvez o principal legado do governo Temer será um não-país."

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